Moradores do Sistema Itaparica protestam em Petrolina contra cortes de energia e risco de falta d'água
O grupo teme o corte no fornecimento de energia elétrica, em virtude de uma dívida de R$38 milhões, com a empresa responsável. Segundo os manifestantes, cer...
O grupo teme o corte no fornecimento de energia elétrica, em virtude de uma dívida de R$38 milhões, com a empresa responsável. Segundo os manifestantes, cerca de 60 mil pessoas podem ser afetadas. Moradores do Sistema Itaparica protestam em Petrolina contra cortes de energia e risco de falta d'água Moradores dos projetos que compõem o Sistema Itaparica realizaram um protesto nesta quinta-feira (19) em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O grupo teme o corte no fornecimento de energia elétrica, em virtude de uma dívida de R$38 milhões, com a empresa responsável. Segundo os manifestantes, a dívida é referente ao ano de 2024. Sem energia , as bombas que levam água paras as comunidades deixam de funcionar, o que afetaria cerca de 60 mil pessoas. “É responsabilidade executiva do governo federal custear a energia, operação e manutenção das bombas. O governo está devendo R$ 38 milhões a Neoenergia. A Neoenergia, esses últimos 30 dias, já foi lá para cortar, para deixar a população sem água. Isso eu falo de postos de saúde, comércio, de hospitais, em geral, até água para o consumo humano. 60 mil pessoas”, afirma o produtor Valdenir Cícero do Santos, que mora no Projeto Brígida, em Orocó. Moradores do Sistema Itaparica protestam em Petrolina Emerson Rocha / g1 Petrolina LEIA TAMBÉM: Reunião em Petrolina discute soluções para problemas de água enfrentados no Sistema Itaparica O Sistema Itaparica foi criado na década de 1990, pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), entre os estados de Pernambuco e Bahia, para abrigar famílias que residiam na área onde se formou o lago da usina hidrelétrica de Luiz Gonzaga, localizada na cidade de Petrolândia, no Sertão pernambucano. Os dez projetos que forma o Sistema Itaparica estão situados nos municípios de Belém do São Francisco, Floresta, Orocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolândia, em Pernambuco, e Abaré e Curaçá, na Bahia. O ato desta quinta-feira contou com a presença de centenas de pessoas, entre produtores, povos originários e quilombolas. “A gente não está conseguindo trabalhar, não está conseguindo fazer nossas colheitas. A água, temos ainda para consumo, porque temos os reservatórios para que armazenassem as nossas águas. A água está prejudicando tudo, está prejudicando geral, não só os povos originários, como todos os agricultores”, diz o cacique da comunidade Atikum, Jackson Silva. A manifestação começou na Orla de Petrolina, passou pela Ponte Presidente Dutra, que liga os municípios de Petrolina e Juazeiro, causando congestionamento nas duas cidades. A Polícia Rodoviária Federal acompanhou o ato e auxiliou na liberação do trânsito. Em seguida, o grupo seguiu pela cidade pernambucana, indo em direção a sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Moradores do Sistema Itaparica protestam em Petrolina Emerson Rocha / g1 Petrolina Em nota, a Codevasf informou que “a Chesf é a instituição responsável pelos projetos de irrigação que compõem o Sistema Itaparica”. A nota prossegue afirmando que “a Companhia é sensível às necessidades dos agricultores e atua diretamente no suporte aos projetos. A Empresa tem mantido diálogo com outras instituições de governo e com membros do Congresso Nacional em busca de soluções para os projetos de irrigação do Sistema”. Também por nota, a Eletrobras Chesf disse que "cumpre todas as decisões legais, administrativas e judiciais relacionadas ao caso. Reafirmando seu compromisso com a região, a empresa atua de forma colaborativa com as entidades competentes, sempre dentro do limite de suas responsabilidades". "A Neoenergia Pernambuco informa que, frustradas diversas tentativas de negociação de débitos com a Codevasf, promoveu a suspensão no fornecimento de energia elétrica por inadimplência em unidades consumidoras no Sertão do São Francisco. A medida, amparada pela resolução do setor e por decisão judicial, foi o último recurso adotado pela distribuidora, após esgotados todos os prazos e tratativas administrativas previstas", disse a Neoenergia em nota. Segundo a nota "desde então, a distribuidora busca concluir os cortes nos projetos de irrigação, mas as equipes vêm sendo hostilizadas e recebendo ameaças a integridade física, inclusive com tentativas de incêndios e danos materiais a veículos da frota. A Neoenergia identificou intervenções indevidas e autorreligação por pessoas não autorizadas, deixando o sistema elétrico vulnerável, comprometendo a segurança e a qualidade do fornecimento de energia". "Em decorrência de bloqueios em estradas, promovidos por populares, técnicos da empresa estão impedidos de acessar instalações elétricas, impossibilitando manutenções no sistema da região. A Neoenergia segue solidária aos produtores rurais afetados, reitera a disposição para a retomada do diálogo com o órgão público e se compromete em religar, imediatamente, as unidades após a quitação das faturas em aberto", encerra a nota a da Neoenergia. Vídeos: mais assistidos do Sertão de PE